segunda-feira, 14 de março de 2016

Cuidar de si mesmo!




Já faz um tempo que tenho pensado sobre o ato de cuidar. Não me refiro ao cuidar dos outros, seja filhos, marido e/ou pais, mas o cuidar de si.


Podemos dizer que é normal ter um tempo para cuidar de si, indo ao salão de beleza, por exemplo, fazer as unhas das mãos e dos pés, cortar cabelo, comprar roupas novas... enfim, se sentir linda e dar ‘up’ naquele dia em que nos sentimos mais sem graça. Mas será que somente isso é suficiente? Cuidar da nossa aparência realmente nos faz melhor por dentro?

Sejamos francos e admitamos que isso realmente ajuda...e como! Mas com certeza não é suficiente. Também temos que cuidar das nossas questões internas (sim, é papo de psicóloga). As pessoas estranham quando você diz que quer ficar em casa, para descansar, ver um filme, pensar e se preparar para um novo dia. Mas por quê?! Por que cuidar de si parece tão errado e egoísta?! Por que temos que agradar e cuidar dos outros, quando não agradamos e cuidamos de nós mesmos?!

Durante uma aula da faculdade uma professora falou para a classe: “Vocês (psicólogos) são a ferramenta do seu trabalho”. Naquele momento não entendi, mas meses depois aquela frase fez tanto sentido que nunca mais esqueci. 

Realmente nós, psicólogos, somos a ferramente do nosso trabalho, já que precisamos estar bem conosco para conseguir auxiliar o outro e não nos emaranharmos e nos envolvermos, de maneira errônea, em problemas que não são nossos. Precisamos fazer terapia, ao menos uma vez na vida, para rever questões da nossa história familiar e individual para que possamos estar mais “resolvidos” o suficiente. 

Acredito que a fala da professora pode ser estendida a outras profissões e de certa forma a outras pessoas. Precisamos cuidar de si, para cuidar dos outros. Precisamos olhar para si, para olharmos para os outros.  Se você mesmo com um cargo de sucesso não consegue ficar consigo mesma, se está sempre irritada, nervosa e furiosa com o mundo... vá cuidar de si. 

Ouvir a si mesmo é uma dádiva, mas não são todos que conseguem. Já diria Rubens Alves em sua crônica Escutatória:

[...] Escutar é complicado e sutil. Diz o Alberto Caeiro que "não é bastante não ser cego para ver as árvores e as flores. É preciso também não ter filosofia nenhuma". Filosofia é um monte de idéias, dentro da cabeça, sobre como são as coisas. Aí a gente que não é cego abre os olhos. Diante de nós, fora da cabeça, nos campos e matas, estão as árvores e as flores. Ver é colocar dentro da cabeça aquilo que existe fora. O cego não vê porque as janelas dele estão fechadas. O que está fora não consegue entrar. A gente não é cego. As árvores e as flores entram. Mas – coitadinhas delas – entram e caem num mar de idéias. São misturadas nas palavras da filosofia que moram em nós. Perdem a sua simplicidade de existir. Ficam outras coisas. Então, o que vemos, não são as árvores e as flores. Para se ver é preciso que a cabeça esteja vazia. Pg 130

Até a próxima,
Laura

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