Em um post anterior, Profissão Invisível, debati a paternidade como uma profissão e os desdobramentos advindos. Hoje pretendo continuar neste caminho, porém proponho outra reflexão: a criança terceirizada.
No livro de José Martins Filho,* ele expõe como a terceirização das crianças vem se tornando uma tendência, avaliando a história da criança na sociedade, contextualizando a situação infantil nos últimos séculos, analisando a evolução do relacionamento familiar, como o foco entre mães e pais com seus filhos.
Ao debater a ideia da sociedade estar cada vez mais “sem tempo”, o autor introduz a ideia da terceirização, ou melhor, da transferência das funções maternas e paternas para outras pessoas. Debate ainda que a escola passa a exercer as funções que são papel dos pais, como a função educadora, socializadora e emocional, e os riscos implicados nesta troca.
O propósito do livro não é culpar os pais pelos cuidados, convencer o futuros pais a não ter filhos ou tentar mudar a sociedade de um dia para outro, mas conscientizar sobre o que é ser pai e mãe atualmente. Cabe alertar as pessoas que têm acesso a essa decisão (conhecimento, cultura, compreensão da realidade) que a família seja planejada. Que ao nascer, o filho encontre pais preparados e dispostos a se dedicarem a essa nova fase da vida.
Criar os filhos, acompanhá-los, estar presente nas horas boas e más e ter consciência que haverá mais demandas, mais dedicação e menos tempo livre. A criança não atrapalha e não é mais ou menos exigente, mas os pais precisam abrir mão da correria do dia a dia e da vida que tinham antes para vivenciar por completo essa nova fase.
*A Criança Terceirizada – os descaminhos das Relações Familiares no Mundo Contemporâneo. 6 ed - Campinas, SP: Papirus,2012
Laura
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