segunda-feira, 9 de outubro de 2017

Adaptando-se com seus filhos a um novo país!

                                                                                     Foto de Pascoal Campion

Após a última postagem, algumas pessoas entraram em contato pedindo para eu falar mais sobre o processo de adaptação e ajustamento das crianças que irão mudar de país ou que já mudaram.

Como já mencionei algumas vezes, a maneira com que a família está lidando com este processo irá influenciar diretamente a maneira dos filhos encararem também. Quanto mais a família conversar abertamente, expondo os desafios, medos e conquistas mais a família estará preparada para tal.

Embora seja comum dizer que as crianças são mais flexíveis e adaptáveis em comparação com os adultos, a verdade é que o processo de adaptação pode ser assustador e difícil para crianças e pais. Assim como você, a criança estará vivenciando uma montanha russa de sentimentos. Ora chateado, confuso ou irritado. Ora curioso e feliz pela mudança. Tente observar essas mudanças e ter empatia perante estas. Imagine-se no lugar do seu filho... 

É mais fácil para nós adultos dizer que tudo vai ficar bem e procurar ser o mais positivo possível, mas não tente minimizar os sentimentos do seu filho sobre a mudança. Em vez disso, tente ouvir e reconhecer o que ele está passando. Deixe seu filho saber, com palavras ou simplesmente com sua presença, que é seguro e certo sentir todo tipo de sentimento. Na tentativa de amenizar a dor, promessas com novos brinquedos, passeios e aventuras surgem, mas lembre-se que muitas vezes isso não é isso que a criança precisa. Uma atitude empática, acolhendo e validando seus sentimentos, ajuda as crianças a perceber que todos os sentimentos são normais e, portanto, eles serão capazes de passar por eles.

Algumas crianças podem ter mudança de comportamento, como por exemplo, voltam a fazer xixi na  cama, se recusar a comer certos alimentos, se tornarem muito pegajosos ou ter problemas para se separar de um pai, se recusam ou lutam para sair da casa. Essa má conduta é muitas vezes apropriada ao desenvolvimento, em outras palavras, totalmente esperada e bastante normal, para que as crianças expressem sua confusão, aversão, medo, entusiasmo pela mudança. 

Assim como os pequenos, somos constantemente forçados a experimentar tudo. Novos alimentos, novos cenários, novo idioma. Ter a coragem de tentar tudo não é sempre fácil. Se você se sentir um pouco sobrecarregado, provavelmente seu filho também estará. Dê tempo ao tempo...

Não é segredo que a rotina é importante para o desenvolvimento das crianças, sendo assim procure manter as rotinas e rituais tanto quanto possível, ou seja, tente continuar o mesmo tipo de rotina e rituais que você teve antes de se mudar. Isso pode exigir alguma adaptação devido às normas culturais, mas a maioria das crianças se sente muito segura após um grande movimento quando vêem certas rotinas e rituais podem ser continuados. 

Mantenha SIM a sua língua de origem. O idioma que falamos com nossos filhos não é apenas sobre palavras, há sentimentos muito mais profundos conectados à forma como nos comunicamos. Nossas palavras e compreensão em um idioma compartilhado desde o nascimento criam segurança e confiança. Mesmo que você conheça a língua do país que você se mudou, evite repentinamente se recusar a falar sua língua de origem para que as crianças aprendam o novo idioma. Está absolutamente certo e é uma ótima ideia apresentar o novo idioma as crianças, mas tente fazê-lo de forma gradual, leve e divertida. Veja como um bônus e não como o novo meio obrigatório de comunicação. 

Não se esqueça que há diversas famílias e crianças passando pelo mesmo processo de adaptação. Portanto não exite em ter uma conversa informal com um colega expat que passou ou também está passando pelas mesmas situações. Ter um rede de apoio para você e para seu filho é essencial!

Até a próxima,
Laura

Nenhum comentário:

Postar um comentário